Crônica 02
Crônica 02
Ontem eu encontrei as cartas que você me escreveu.
Em poucos minutos vi acontecer nosso pequeno romance.
Vi a minha pressa para escrever uma meia dúzia de termos carinhosos, porque eu sabia que ia você ia gostar.
Nada que possa ser chamado de literatura.
Eu já não sei o amor é paciente ou a solidão que é exigente.
Relembrei por que gosto de cartas.
As imperfeições da letra de cada pessoa ficam marcadas pela tinta, e você não tem a ânsia de mandar o que acabou de escrever para alguém, como em um email.
Você pode parar para pensar antes de entregar, mudar as palavras, apagar algumas frases.
Quem sabe até nem entregar.
Deve ser por isso que os amantes não mais mandam cartas.
O silêncio perdeu seu lugar e o amor já virou notícia.
Após terminar a leitura, percebi que nosso romance era mais crônica que poesia.
Percebi que algumas coisas mudaram.
Agora eu me importo um pouco mais com a minha saúde, comecei a fazer exercícios físicos.
Compreendi o real valor da liberdade, descobri que era eu mesmo que criava as minhas prisões, e já consegui sair da maioria.
Não é tão fácil demolir uma obra que você levou tanto tempo para construir, e mesmo que você perceba que é algo que te faz mal, o orgulho se separa da razão no momento em que ela destrói suas convicções.
Mas isso passa quando você descobre que existe sempre o outro lado.
Apesar das mudanças, algumas coisas continuam iguais.
Ainda sou o mesmo bobo de sempre, quase um personagem de uma comédia romântica.
As alças da minha mochila permanecem desajustadas, e de vez em quando caem, e eu tenho de arrumar.
Continuo acreditando que vale a pena se arriscar por uma ideia, e acredito que se empenhar já é mudar.
A escrita e a fala têm a mesma pretensão tola de sintetizar as emoções, o calor e a frieza de um momento, o modo como você se sente quando o mundo te enxerga.
Na escrita você tem a possibilidade de trabalhar as figuras linguagem, como um filtro ou uma lupa para os sentimentos, na inocente certeza de que está alcançando seu objetivo.
O que é uma hipérbole comparada ao momento em que você está olhando dentro dos olhos da pessoa amada logo antes do primeiro beijo? Se alguém ironiza a vida, o que é mais irônico que escrever sobre algo que não vale a pena?
Guardei as cartas no fundo da gaveta, enquanto um pequeno sorriso me tomava o rosto pela lembrança do ponto final após o “infinito”.
Mensagens Relacionadas
Crônica cotidiana
Crônica cotidiana
Porque as pessoas se preocupam tanto com coisas pequenas sejam elas de qualquer cunho.
Primeiramente se preocupam com status, status de ser, status de ter ou status de ve…
Crônica " A Minha Verdade" De Clara Albuquerque em 16/10/2015.
Crônica " A Minha Verdade"
De Clara Albuquerque em 16/10/2015.
Superar? Ninguém disse que seria fácil ouvir um não da vida, mas ninguém disse que você precisava passar teus dias em casa ch…
Crônica de um domingo de praia.
Crônica de um domingo de praia.
Era certo, todos os domingos eu acordava as sete da manhã e chamava o meu amigo João de Dadinho para… Acordar!!! “Já vou”, dizia ele, “Já vou” e repetia isso quan…
A Crônica A Menina e a Paçoquita
A Crônica
A Menina e a Paçoquita
Eu não sei dizer ao certo à que horas e nem o dia!
Eu só lembro daquele exato momento em que a vi. Estava sol e ela vinha em minha direção, seus cab…
Crônica
Crônica: Compromisso com a verdade.
Preciso de um esclarecimento!…
Reza a Constituição brasileira que todo cidadão é igual perante a lei.
Então porque existe tanta impunidade, tantas…
Analfabetismo - Crônica de 15 de agosto de 1876.
Analfabetismo - Crônica de 15 de agosto de 1876.
Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havend…