MEU CÃOZINHO COR DE FUMAÇA

MEU CÃOZINHO COR DE FUMAÇA
CRÔNICA
Desde cedo tomei gosto pelas cassadas, naquela época não era proibido isso; em São Raimundo do Doca Bezerra Jesiel,meu irmão mais velho, me levou para “faxear” pela primeira vez; – uma estratégia que consiste em se fazer uma picada na floresta, removendo-se as folhagens usando para isso os ramos das árvores; e, à noite, munido com uma lanterna emparelhada à perna, piscando-a, alternadamente,faz-se muitas idas e vindas - num sentido e noutro do trilho.
Até se deparar com animais silvestres tentando atravessar o caminho.
Onde são interceptados e abatidos com tiros de espingardas de variados calibres.
Onde meu irmão colocava o pé eu também fazia o mesmo – a lanterna era uma só, para nós dois;se acabasse a carga teríamos de fazermos uma fogueira e esperar o dia raiar.
Naquela noite não tivemos sucesso e não levamos o pretendido alimento - a caça - para casa.
Mas as caçadas com os cães,eram mais interessantes e divertidas.
E, numa destas, capturamos um filhote de cachorro-do-mato,segundo os colegas mais experientes.
Não os deixei matá-lo: levamos para criá-lo em casa.
Cor de cinza, ele; o bichinho era uma fofura só! Um xodó da gente.Tinha uma energia!…uma vontade de viver!…e, crescia que era uma beleza.
A princípio só tomava leite na mamadeira, mas com o tempo começou a comer de tudo.
Era vivedor.
Até seu reinado desmoronar de vez; já grandinho ‘mostrou as unhas’ e a que veio: as galinhas começaram a sumir do terreiro e ele fora flagrado matando e entrando em casa com uma delas na boca.
Aí o mundo desabou por cima dele e de mim: papai com um porrete na mão e sem um ‘pingo’ sequer de misericórdia, o seguiu; verbalizando: “Nunca criei uma raposa na minha vida e não será esta que vou criar-la no meu barraco”.
Fiquei a chorar pelos cantos inconsolavelmente!…com o encantamento daquela pobre alma.
Mas ele tinha toda a razão, em termos do bichinho ser mesmo uma raposa.
Era a própria!

#nemilsonvieirademoraes#cronicas 204

Mensagens Relacionadas

CRÔNICA POÉTICA DO MEU SILÊNCIO…

CRÔNICA POÉTICA DO MEU SILÊNCIO…
Para todo escárnio que encobre as dúvidas
sobre de quem sinto saudades, e toda celeuma
sobre meus poemas desestruturados,
meu silêncio basta. (…Continue Lendo…)

#cronicas#superlua

FELIZ DIA DO TELEFONE (parte da crônica de João Ubaldo Ribeiro, publicada no dia 10.03.13 no Jornal O Estado de S.Paulo)

FELIZ DIA DO TELEFONE
(parte da crônica de João Ubaldo Ribeiro, publicada no dia 10.03.13 no Jornal O Estado de S.Paulo)
"Mesmo consciente desses perigos, ouso dizer que a maior parte de v…

(…Continue Lendo…)

#joaoubaldoribeiro#cronicas

Analfabetismo - Crônica de 15 de agosto de 1876.

Analfabetismo - Crônica de 15 de agosto de 1876.
Gosto dos algarismos, porque não são de meias medidas nem de metáforas. Eles dizem as coisas pelo seu nome, às vezes um nome feio, mas não havend…

(…Continue Lendo…)

#machadodeassis#cronicas

Crônica

Crônica
O que seria dos homens se não existissem as mulheres?
Se existe algo complicado nessa vida, principalmente para muitos, é aceitar a verdade, para nos homens então, ES uma tortura. …

(…Continue Lendo…)

#sandrosansaodasilvacosta#cronicas

Crônica sobre a Literatura Portuguesa

Crônica sobre a Literatura Portuguesa
Herdaram o mito a poesia e o drama, são todas às experiências da humanidade, que se transformaram em literaturas curriculares ou grandes livros que são difu…

(…Continue Lendo…)

#amauri#cronicas

Crônicas da guarita IV. Ione Morais

Crônicas da guarita IV.
Ione Morais
Escutar as conversas nos pontos de ônibus é muito divertido. Mulheres então, são personalidades bastante hilárias, ainda mais quando já passaram da meia…

(…Continue Lendo…)

#cronicas#ionemorais