Rosa
Rosa
A vida sempre nos reserva surpresas, sejam boas ou ruins.
Entendemos que as ruins - por assim julgarmos - nos fazem aprender e melhorarmos.
Porém, como seres imperfeitos e materialistas que somos, temos o costume de nos compararmos com os que acreditamos serem mais felizes.
Será mesmo?
Outro dia estava conversando com um rapaz com pouco mais de duas décadas de vida.
Ele contava-me que tinha uma definição de felicidade que até o presente momento eu desconhecia, pois sempre ouvi dizerem, de uma forma ou de outra, que felicidade era sinônimo de bens materiais.
Já intrigado, questionei-o qual era sua definição e como ele chegara àquela conclusão.
Ele contou-me sua história até então:
"Olha, senhor, nasci sob alto risco, ficando por dias rodeado de cachorros e gatos de rua.
Fui abandonado pela genitora com semanas de vida e com poucos meses fui colocado à prova com uma pneumonia dupla.
Plantada essa rosa tive todas as doenças infantis posteriormente.
Uma roseira se fez! Na dureza do dia-a-dia fui aprendendo com o que ouvia e, principalmente, sentia, daqueles que rodeavam-me.
Após alguns anos fui submetido à uma cirurgia.
Recuperação um pouco conturbada, todavia mais uma rosa plantada.
Sem deixar-me abater e sorrindo sempre, consegui chegar ao último ano da etapa chamada colégio.
No meio do ano, uma apendicite supurada ocasionando abscesso de parede posterior poderia fazer-me desistir.
Entretanto, este termo não consta no meu dicionário de vida.
Outra rosa, após meses, fora plantada.
Segui em frente.
Aprovado no vestibular em curso escolhido apenas para ver nascer o sorriso daquela que criou-me juntamente com meu pai, novamente o destino insistiu em fazer-me desistir, levando-a a poucos meses da formatura após cinco anos de faculdade.
Ainda sim, jamais desisti do que sempre me fez afirmar que sou feliz…simplesmente ajudar aos outros com o pouco que aprendi e possuo, desejando ajudar muito mais, ainda que insistam em dizer, dia após dia, que não será possível e que o dinheiro é tudo na vida.
Mas, por quê essa dúvida? Quem é você?"
Impressionado, resolvi fazer mais uma pergunta antes de responder a essas que ele havia me feito:
- "Mas por quê a cada superação você diz que plantou uma rosa?"
- "É simples.
Cada vez que deixamos a tristeza aproximar-se estamos perdendo a possibilidade de fazer um sorriso nascer no rosto de alguém e o valor de um sorriso sincero é inestimável.
Por mais que eu sofra por dentro, por mais que seja doloroso, sempre terei um sorriso e uma palavra de força e coragem para ofertar, além de fazer o máximo para ajudar.
A rosa, como símbolo de afeição, delicadeza e beleza ocasiona imensa alegria e um estado de espírito maravilhoso.
O senhor já ofertou uma rosa a alguém hoje?"
Sem jeito, respondi as suas questões anteriores:
- "Não importa mais a razão da dúvida.
Antigamente eu atendia por Ganância, mas a partir de hoje pode me chamar de Rosa.
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