NÃO ME ABANDONE JAMAIS!
NÃO ME ABANDONE JAMAIS!
Não sei lidar bem com perdas, com finais, especialmente os infelizes.
E quem realmente sabe? Os inteligentes.
Aqueles dotados de inteligência emocional e nisso talvez eu seja menos capaz do que deveria, gostaria e poderia me dar ao luxo de ser.
Afinal, nessa altura da vida eu já deveria saber que relacionamentos são baseados em trocas, as vezes tácitas, silenciosas.
Combinações que nem sempre são formalmente ditas, pronunciadas, mas estão ali presentes, existem sim e todos sabem.
No entanto, dificilmente você ouvirá alguém por aí dizendo: “Você me dá algo que preciso e eu em troca te ajudo a conquistar algo que você quer – assim é o nosso jogo, ops, nosso amor”.
É mais bonito e moralmente correto romantizarmos a coisa, querida! E pra ser bem sincera talvez eu seja dessas que prefere sublimar até mesmo o óbvio e aí é que se encontra a raiz de todos os males! Mas o que faço se toda vez que paro e começo a pensar sobre isso sinto na garganta o gosto amargo da racionalização pura e simples que fica como agonia latejando dentro de mim: “O amor é só uma troca, um negócio.
E tudo na vida é um negócio.
Meras combinações entre duas partes interessadas.“? E isso é o que preciso constantemente lembrar de nunca esquecer.
Mas e o que a gente faz agora com o velho coração que é tão bobo e só quer amar por amar? E se o amor for mesmo só mais um jogo, desses de sorte ou azar?
Será mesmo que é? Eu não sei, eu não tenho respostas.
Eu sou do tipo que muito pouco sabe, mas o que sei hoje é que foi com essa dor encravada no pensamento que assisti ao filme “NÃO ME ABANDONE JAMAIS“, uma adaptação do livro homônimo de Kazuo Ishiguro.
A história que mistura ficção científica e drama nos mergulha numa trama em que clones humanos são criados com a exclusiva finalidade de doar seus órgãos e assim concluírem suas vidas após três ou quatro doações.
Só isso.
Tudo isso!
A passividade das personagens diante do destino que lhes é imposto é inquietante e doloroso de se ver.
Talvez por nos remeter aos eternos medos do abandono e da morte sempre incrustados na alma, a nos rondar.
O que você seria capaz de fazer para continuar vivendo? O que você seria capaz de fazer por amor, para amar, para se sentir amado? As respostas variam e muito, e nem sempre são as que gostaríamos de ouvir e verbalizar.
No entanto, a inquietação maior continua e a meu ver sempre permanecerá nas perguntas, pois essas sim não nos abandonam jamais!
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