Parábola do Sol e da Lua
Parábola do Sol e da Lua
Num belo crepúsculo, o sol viu ao longe a lua, e mesmo distante, tentou abordá-la.
- Olá, lua! Você me parece tão triste.
Acho que já lhe vi mais radiante um dia.
- É que estou naquela fase em que só aparece uma parte de mim.
Estou minguante.
Você me conheceu quando estava crescente.
Precisava ter me visto em todo o meu esplendor, quando me tornei cheia e plena.
- Acho que posso lhe ajudar.
- Como poderia? Você é o sol! Olhe para si.
Tão cheio de vida.
Radiante.
Sem jamais minguar.
- Deixe-me oferecer minha companhia – suplicou o sol.
- Eu adoraria.
Mas já tenho companhia.
Estou cercada de estrelas.
- Mas elas parecem tão distantes, indiferentes.
Deixe-me oferecer-lhe um pouco da minha alegria.
- Se você vier, eu as perderei.
Apesar de estarem tão distantes, foram elas que me ofereceram companhia por uma longa e fria noite.
Não seria justo que eu as abandonasse agora.
- Então, deixe-me acompanhá-la por uma única noite.
Quero encher sua noite de luz.
Oferecer-lhe meus raios.
Iluminar toda a sua superfície.
- Sinto-me tentada a aceitar sua proposta.
Só não posso garantir que serei sua companheira para sempre.
- Combinado.
Sairei ao seu encontro e iluminarei a sua vida.
Você não precisa abrir mão de nem uma estrela sequer, nem mesmo de cometas e estrelas cadentes.
O sol, então, deixou o céu matutino e embrenhou-se pelo céu noturno, provocando uma espécie de eclipse ao inverso.
A ordem natural foi subvertida.
Em vez de a lua invadir o dia, e assim, ofuscar o brilho do sol, foi o sol que invadiu a noite e praticamente incendiou a lua.
Nunca se viu a lua brilhando tanto.
Por uma noite, ela experimentou todo o esplendor do astro rei.
Tudo teria sido perfeito caso não houvesse observado que a chegada inusitada do sol fez desaparecer de uma vez todas as estrelas.
A lua, então, experimentou uma sensação jamais sentida.
Um misto de felicidade e tristeza, de euforia e melancolia.
Se fosse possível, desfrutaria da companhia do sol e das estrelas ao mesmo tempo.
Mas isso seria inalcançável.
O brilho do sol era tão grande, mas tão grande, que não sobrava espaço para nenhum outro astro.
A lua não teve alternativa, senão abrir mão daquele sonho.
Mesmo sabendo da saudade que a consumiria, preferiu manter-se leal às estrelas que por tanto tempo ofereceu-lhe companhia sem cobrar-lhe nada.
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…te vejo, mas não aí, mesmo distante, te vejo aqui, bem aqui dentro. Não sei se por bem, mas como disseram antes: "passarinho bom, é passarinho que volta…
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VAZIO
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Me excedia o que me ocupava,
mas tão pior é não ter (também) onde caber.
"Vaso de porcelana":
É inútil sem você.