Frases de Manuel Maria Barbosa du Bocage

Um tímido pudor activos fogos Contrariava em vão

Um tímido pudor activos fogos Contrariava em vão, em vão retinha Ignotos medos, sôfregos desejos. Suspensa e curiosa, eu esperava Gostosa cena, em que prolixas noites Pensando o que seria, despendera.

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Sacode o jugo

Sacode o jugo, despedaça os ferros, A vaidade te anime. Quase tudo o que é raro, estranho, ilustre, Da vaidade procede, Móvel primeiro das acções pasmosas.

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Os Homens não são maus por natureza

Os Homens não são maus por natureza; atractivo interesse os falsifica, A utilidade ao mal, e ao bem o instinto Guia estes frágeis entes.

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Meus pensamentos se apuram

Meus pensamentos se apuram, Apuram-se os meus desejos No ténue filtro celeste De teus espontâneos beijos.

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Nas paixões a razão nos desampara

Nas paixões a razão nos desampara.

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A frouxidão no amor é uma ofensa

A frouxidão no amor é uma ofensa, Ofensa que se eleva a grau supremo; Paixão requer paixão; fervor e extremo Com extremo e fervor se recompensa.

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Morrer é pouco

Morrer é pouco, é fácil; mas ter vida Delirando de amor, sem fruto ardendo, É padecer mil mortes, mil infernos.

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Basta

Basta, cega paixão, loucos amores; Esqueçam-se os prazeres de algum dia, Tão belos, tão duráveis como as flores.

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Aquele canta e ri

Aquele canta e ri; não se embaraça Com essas coisas vãs que o mundo adora Este (oh, cega ambição! ) mil vezes chora Porque não acha bem que o satisfaça.

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Ó serena amizade

Ó serena amizade! Tu prestas mais que Amor: seus vãos favores São caros, são custosos.

Virtude os meios ama

Virtude os meios ama, odeia extremos; Extremos são no mundo ou erro ou culpa. Do mesmo que abrilhanta a Humanidade Longe, longe, ó mortais, o injusto excesso!

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Ingénuo

Ingénuo, tem conta de ti! No mundo há muitos enganos (Eu o sei, porque os sofri); Os bons padecem mil danos Julgando os outros por si.

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Vai sempre avante a paixão

Vai sempre avante a paixão, Buscando seu doce fim; Os amantes são assim: Todos fogem à razão.

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Faço a paz

Faço a paz, sustento a guerra, Agrado a doutos e a rudes, Gero vícios e virtudes, Torço as leis, domino a Terra.

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Mas

Mas, ah tirano Amor! Ou cedo ou tarde É forçoso aos mortais sofrer teu jugo; Amor, tu és um mal que fere a todos: Longa experiência contra ti não vale, Ou Virtude, ou Razão, só vale a Morte.

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