Transtorno de domingo
Transtorno de domingo
Aos olhos de todos - as vísceras - completamente expostas.
Expostas feito quadros, feito instalações contemporâneas nas ruas da periferia.
Sacadas ao meio dia na frente de todos, na porta da padaria.
E o corpo, sem identidade ou cor revirado às avessas, a revelia de sua vontade.
Caído de ponta a cabeça na sarjeta, após tamanha tormenta.
De repente, um grande alvoroço! As sirenes do carro de resgate interrompem o silêncio local - chegam primeiro que a polícia - essa chega instantes depois com todo seu aparato.Mas já é tarde demais!
Todos observam calados, incrédulos com o ocorrido.
Ninguém fala nada, ninguém vai embora.
E como se ainda esperassem acontecer algo permanecem no local, velando o corpo.
O sangue encarnado que escorre do corpo já roxo, segue pela guia da calçada em linha reta, na direção do esgoto.
Já se passam das sete da noite e o corpo permanece ali, no mesmo lugar! Só que agora coberto com uma manta de papelão improvisada, feita de caixas de óleo de soja, doadas pelo dono da padaria.
Ninguém parece ter pressa de tirá-lo daquele lugar.
Só o dono da padaria se preocupa com o corpo, pois já é hora de baixar as portas, de fechar o comércio e acabar com todo aquele grande transtorno de domingo.
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