
Como as lágrimas nas faces Não são de água
Como as lágrimas nas faces
Não são de água pura
Ficarão vestígios de sal na pele

Escrevo na areia da praia Mas a libertinagem das
Escrevo na areia da praia
Mas a libertinagem das ondas
Rouba-me as palavras dos poemas

A metáfora é uma semente Em que se desconhece
A metáfora é uma semente
Em que se desconhece o código
Da potencialidade da árvore cativa

Só o tempo pulsante Fará a transparência do âmbar Esquecendo
Só o tempo pulsante
Fará a transparência do âmbar
Esquecendo a turva resina

Mirando o espelho estanhado Sinto que é apenas vidro Tentando
Mirando o espelho estanhado
Sinto que é apenas vidro
Tentando guardar a minha sombra

As flores de plástico Não murcham no tempo Nem brilham
As flores de plástico
Não murcham no tempo
Nem brilham ao sol

Rastejando como camaleões Jamais teremos cor fixa Ou ausência de
Rastejando como camaleões
Jamais teremos cor fixa
Ou ausência de sombra

Caminho recolhendo A minha sombra Até que ela se esgote
Caminho recolhendo
A minha sombra
Até que ela se esgote

Caminho lentamente recolhendo Os restos da minha sombra Até que
Caminho lentamente recolhendo
Os restos da minha sombra
Até que ela se esgote

Usando a paleta das cores Só um poeta saberá Pintar
Usando a paleta das cores
Só um poeta saberá
Pintar a transparência do silêncio

Declinando os cinco sentidos Como se fossem verbos meus Conjugo
Declinando os cinco sentidos
Como se fossem verbos meus
Conjugo o sol e o tempo

Os poetas são todos diferentes Como as cores na
Os poetas são todos diferentes
Como as cores na paleta
Mas todos são filhos do arco-íris

A memória é um desfiladeiro Por onde correm as
A memória é um desfiladeiro
Por onde correm as águas
Na ausência das chuvas