
Na ausência de versos O amor é apenas um
Na ausência de versos
O amor é apenas um jogo
De gestos sem asas

A metáfora é uma semente Em que se desconhece
A metáfora é uma semente
Em que se desconhece o código
Da potencialidade da árvore cativa

A memória é um desfiladeiro Por onde correm as
A memória é um desfiladeiro
Por onde correm as águas
Na ausência das chuvas

As rugas profundas da pele São os vales dos
As rugas profundas da pele
São os vales dos rios
Que nos levaram para a foz

Rastejando como camaleões Jamais teremos cor fixa Ou ausência de
Rastejando como camaleões
Jamais teremos cor fixa
Ou ausência de sombra

Caminho recolhendo A minha sombra Até que ela se esgote
Caminho recolhendo
A minha sombra
Até que ela se esgote

As flores de plástico Não murcham no tempo Nem brilham
As flores de plástico
Não murcham no tempo
Nem brilham ao sol

Declinando os cinco sentidos Como se fossem verbos meus Conjugo
Declinando os cinco sentidos
Como se fossem verbos meus
Conjugo o sol e o tempo

Como as lágrimas nas faces Não são de água
Como as lágrimas nas faces
Não são de água pura
Ficarão vestígios de sal na pele

Usando a paleta das cores Só um poeta saberá Pintar
Usando a paleta das cores
Só um poeta saberá
Pintar a transparência do silêncio

Escrevo na areia da praia Mas a libertinagem das
Escrevo na areia da praia
Mas a libertinagem das ondas
Rouba-me as palavras dos poemas

Caminho lentamente recolhendo Os restos da minha sombra Até que
Caminho lentamente recolhendo
Os restos da minha sombra
Até que ela se esgote

Até que o silêncio os dissolva Os ecos perdidos
Até que o silêncio os dissolva
Os ecos perdidos no ar
Repetem-se ocos como balões de papel