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Eu gosto de muros

Eu gosto de muros, protegem e dão sombra. Convido o grafiteiro para escrever em cores Alberto Caeiro: "Sou alheio ao espetáculo que vejo…"

E a vida, tão mocinha e bandida… faz de mim furacão e poesia.

Se roubo um sorriso de um rosto alheio, o mundo faz arco íris no meu coração. Não há paz sincera, sem divisão e multiplicação.

Se saudade tivesse outro nome, seria o seu…

Um brinde! Aos insatifeitos. Aos que tem fome. Aos intensos que passam pela vida, mas não deixam a vida passar. A nós e aos nós!

Sinto-me em paz, apesar do barco sem cais, apenas deixo-me perder no azul, apenas deixo-me navegar

Tenho uma mania permissiva e lasciva de viver intensamente até mesmo na efemeridade e subjetividade do instante sutil.

A rosa carmim tem desabrochado diante de meus olhos. Eu, por minha vez, ando mais espinho que pétala, estou me fechando diante de ti…

Estranhamente o sorriso não sai da minha boca. Um sorriso aliviado, irônico, definitivo, crítico, mas ainda assim um enorme sorriso feliz!

E de surpresa em surpresa, o inesperado. E quando o inesperado lhe sorri, como não lhe sorrir de volta?

Só queria poder soltar meus cabelos ao vento.
Mas ele pode soltar os fios que guardam momentos sutis, silenciosos e cheio de segredos.
Amarro então.

Para apagar marcas, é preciso desapegar-se. É preciso decisão, dar o primeiro passo. A primeira prece, a calma no caos. A última lágrima…

Parece algo tão real e distante. É como primavera dos jardins coloridos de Monet.

As luzes multicoloridas da felicidade estão dentro de nós. É preciso nos bastar, nos devorar, nos amar, nos nutrir de nós mesmos.

Bons sonhos. Que a noite te guarde em véus de reflexos azulados da lua, e que o dia chegue trazendo dourado de um novo amanhã radioso.