Lei ladra o poder da vida
Lei ladra o poder da vida.
Direitinho declaro o que, durante todo tempo, sempre mais, às vezes menos, comigo se passou.
Aquela mandante amizade.
Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito.
Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava.
Digo o senhor: como um feitiço? Isso.
Feito coisa feita.
Era ele estar perto de mim, e nada me faltava.
Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego.
Era ele estar por longe, e eu só nele pensava.
E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim.
Mas não.
E eu mesmo entender não queria.
Acho que.
Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre.
E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que às vezes adivinhei insensatamente - tentação dessa eu espairecia, aí rijo comigo renegava.
Muitos momentos.
Conforme, por exemplo, quando me lembrava daquelas mãos, do jeito como encostavam no meu rosto.
(GRANDE SERTÃO: VEREDAS)
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