Ah o Natal

Ah o Natal! Tudo é alegria, festa, fartura, amizade, família!
As mídias incansavelmente, propagam mensagens, músicas, filmes, tudo envolvendo e enaltecendo esta data, este encerramento de ciclo.
Realmente tudo perfeito, os familiares ausentes a casa tornam, as diferenças se anulam, as intrigas se acabam, a pobreza e as tragédias são esquecidas, como se o mundo, que durante um ano viveu intensamente, fatos e episódios tristes, tensos, de uma hora para outra, se transformasse num paraíso aqui na terra.
Diante destes acontecimentos tudo parece perfeito e até poderia ser! Mas me dou conta de que tudo não se passa de uma ilusão, uma data criada como intuito de fomentar as atividades comerciais e que vemos a hipocrisia reinar absolutamente, mais ou menos assim:
- A fome e a miséria continuam, apesar de parecer que todas as famílias terão ou tiveram uma belíssima ceia, com presentes, saúde, paz, alegria e fartura;
- As guerras continuam, disseminando pessoas inocentes, enquanto que os verdadeiros responsáveis pelos conflitos, vivem fartos, saudáveis e intocáveis em seus palácios;
- Os políticos corruptos, se esbaldam em paraíso fiscais e mesmo quando julgados e condenados, nunca cumprem a pena na íntegra ou da forma que a lei e a justiça funcionam com as pessoas comuns.
Nunca vi um político condenado usando aquele uniforme típico de condenados, e creio que nunca vou ver! ;
- Os cidadãos dotados de maior poder aquisitivo, vão às compras, pagam fortunas em presentes para os "seus", na maioria das vezes apenas para mostrar o seu potencial e se vangloriar, e ao passar por um pedinte paupérrimo sentado à porta daquela mega loja, passando frio e fome, o mesmo lhe nega uma merreca esmola;
- A família, a célula “Máter” da sociedade, busca nesta época reatar os laços sanguíneos.
Onde vemos os avós, os país, isso mesmo! Aqueles que durante dezenas de anos, dedicaram suas vidas única e exclusivamente a sua prole, abdicando de viverem sua própria vida, com quase tudo que ela nos oferece de regalias, para cuidar e prover do bom ou pelo menos do melhor que puderem de acordo com suas condições econômicas, receberem a visita de seus ausentes entes queridos (Filhos, netos, bisnetos), que em busca dos seus objetivos se perderam pelo mundo a fora.
Por força moral ou talvez simplesmente política, a maioria deles chegam, cumprem aquele ritual e no outro dia partem novamente para seus verdadeiros mundos, onde os seus genitores com certeza não fazem parte! Muitos deles nem sequer aparecem nesta data ou mesmo em outra de tamanha importância, como na data do aniversário dos seus pais, avós, etc… Na ordem de importância ou prioridade, primeiro vêm os amigos, os negócios, parceiros amorosos, lazer, etc… ficando os “queridos” país e avós, em último lugar, figurando na verdade, muitas das vezes como um estrupício na concepção dos mesmos.
Em resumo, os filhos se constituem o mundo de seus pais, enquanto que na maioria das vezes os pais não fazem parte do mundo de seus filhos!
Reflitam sobre isso e procurem fazer valer o espírito de natal, não só nesta data, mas em todos os dias do ano, até porque, quem sabe no próximo Natal, quando vocês estiverem de volta para cumprir mais um ritual, quem sabe estas pessoinhas não estejam mais aqui para recebe-los!
Galássi