Espelhos Vivos- ZH 02/05/07
Espelhos Vivos- ZH 02/05/07
Estava assistindo ao RBS Notícias, meio distraída, quando apareceu na tela o depoimento de um homem.
Eu não estava prestando atenção na matéria, não sei que assunto estava sendo tratado, mas aquele homem eu conhecia.
Grisalho, óculos de grau, um senhor.
Mas um senhor de feições familiares.
Quando apareceu o nome dele nos créditos, pensei: eu conheci um cara com este nome.
Claro!!! Era um amigo que eu não via há muito tempo.
Pertencemos a uma mesma turma anos atrás.
Muita praia pegamos juntos.
Lembro dele surfando, namorando as garotas mais bonitas, um sujeito muito engraçado.
Pois era ele que estava ali na tevê de terno e gravata, grisalho, de óculos, era ele aquele senhor - da minha idade!!!
Costumamos conferir os estragos do tempo nos espelhos de casa, mas eles já se acostumaram com a nossa imagem.
A gente se enxerga tantas vezes por dia que não repara nas ruguinhas que surgem e nos fios de cabelo branco recém-nascidos.
Tudo o que vemos demais se torna quase invisível.
É preciso um impacto para a gente cair na real.
Algo como dormir 15 anos e acordar de repente.
Ou ver uma foto antiga.
Ou assistir na tevê ao depoimento de um amigo sumido.
Este amigo amadureceu, tornou-se um profissional respeitado, mas deve seguir o mesmo brincalhão de sempre.
E é bem possível que, se ele me visse na tevê, pensasse o mesmo de mim: de onde eu conheço essa senhora? E cairia para trás ao lembrar que tivemos 20 anos de idade no mesmo verão.
O espelho mais realista são os outros.
Quando vejo Robert Redford, hoje, não consigo acreditar que é o mesmo homem que atuou em Butch Cassidy, e o mesmo vale para sua versão nacional, o Francisco Cuoco, que foi o Gianecchini dos anos 70 e hoje é um charmoso matusalém.
O tempo tem rosto, o tempo tem mãos, o tempo tem voz - e nada disso permanece o mesmo.
sorriso.
Minha mãe se mantém linda em qualquer idade, e a Tereza, empregada que trabalha com ela desde os 14 anos de idade e hoje é avó, não mudou nadinha.
Um caso a ser estudado pela ciência.
A moral da história é que espelhos vivos podem nos dar boas ou más notícias.
Depende do nosso olhar.
E do nosso humor.
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