Frases de Anibal Beça

Abre o camponês sulcos de arado na terra

Abre o camponês
sulcos de arado na terra:
no seu rosto rugas.

Ao sol do verão o sorvete se derrete

Ao sol do verão o sorvete se derrete. Namoro desfeito.

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Morcego em surdina morde e sopra o velho gato

Morcego em surdina
morde e sopra o velho gato.
Não contava o pulo…

Girassol na tarde se curva em reverência

Girassol na tarde
se curva em reverência:
o sol se vai.

Teus olhos formam das ázimas lágrimas rios que retornam ao mar

Teus olhos formam
das ázimas lágrimas
rios que retornam ao mar

Em câmera lenta preguiça na imbaubeira passa a outro galho

Em câmera lenta
preguiça na imbaubeira
passa a outro galho.

Céu de primavera no jardim dorme a menina

Céu de primavera
no jardim dorme a menina.
Qual a flor do sonho?

A chuva já vem

A chuva já vem?
Não vem. É o marcador
cantando a quadrilha.

Silêncio de outono

Silêncio de outono.
Nem o grito do carteiro…
cochicho de folhas.

Na calma do lago um bufo entre a canarana

Na calma do lago
um bufo entre a canarana:
peixe-boi respira.

Uma vida é só uma vida só uma vida

Uma vida é só uma vida
só uma vida é vivida
melhor se for dividida
e tudo mais é só
e tudo mais é
e tudo mais
e tudo
e

Rapsódia incômoda

Rapsódia incômoda: ao redor do bóia-fria moscas do canavial.

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Sesta no jardim

Sesta no jardim: a borboleta me acorda. Coça o meu nariz.

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Janela fechada

Janela fechada: borboleta na vidraça dá cor ao meu dia.

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No céu enfeitado

No céu enfeitado,
papagaio de papel:
também vou no vôo.