Frases de Eugénio de Andrade

É urgente inventar a alegria

É urgente inventar a alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é rgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

A boca

A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo
cintila.
O que pode uma boca
esperar
senão outra boca?

Toda a poesia é luminosa

"Toda a poesia é luminosa,
até a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol,
nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar…

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Procura a maravilha

Procura a maravilha.
Onde um beijo sabe a barcos e bruma.
No brilho redondo e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada de melancolia.
Procura. Procura a maravilha.

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As Palavras São como um cristal

As Palavras São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas. Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem. Desamp…

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O poeta é incapaz de conter um segredo

O poeta é incapaz de conter um segredo, acaba sempre por dizer no poema aquilo que queria guardar só para si.

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Levar-te à boca

Levar-te à boca, beber a água mais funda do teu ser - se a luz é tanta, como se pode morrer?

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Creio que foi o sorriso

Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.

Foi para ti que criei as rosas

Foi para ti que criei as rosas. Foi para ti que lhes dei perfume. Para ti rasguei ribeiros e dei ás romãs a cor do lume.

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Caridade é uma palavra de flancos frios e águas estanques

Caridade é uma palavra de flancos frios e águas estanques. Conduz sem grandes desvios ao mundo pantanoso e pervertido da repressão, onde a consciência que se diz virtuosa mais não faz que servi-lo, de…

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Havia uma palavra no escuro

Havia uma palavra no escuro. Minúscula. Ignorada. Martelava no escuro. Martelava no chão da água. Do fundo do tempo, martelava. contra o muro. Uma palavra. No escuro. Que me chamava.

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Entre os teus lábios é que a loucura acode

Entre os teus lábios é que a loucura acode,
desce à garganta, invade a água.
No teu peito é que o pólen do fogo
se junta à nascente, alastra na sombra.

Retrato Ardente

Retrato Ardente
Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.
No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
ala…

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Palavras pela rua

Já gastamos as palavras pela rua, meu amor
E o que nos ficou não chega
Para afastar o frio de quatro paredes
Gastamos tudo menos o silêncio
Gastamos os olhos com o sal das lágr…

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Creio que foi o sorriso

Creio que foi o sorriso, o sorriso foi quem abriu a porta. Era um sorriso com muita luz lá dentro, apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso.

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