
Sou mais a palavra ao ponto de entulho
Sou mais a palavra ao ponto de entulho.
Amo arrastar algumas no caco de vidro,
envergá-las pro chão, corrompê-las, -
até que padeçam de mim e me sujem de branco.
O sentido normal das palavras não faz bem ao poema
O sentido normal das palavras não faz bem ao poema.
Há que se dar um gosto incasto aos termos.
Haver com eles um relacionamento voluptuoso.
Talvez corrompê-los até a quimera.
E…

Tenho uma dor de concha extraviada
Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas.
Auto-Retrato Falado
Auto-Retrato Falado
Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão…
Quem anda no trilho é trem de ferro
Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito.
#agua#pedra#liberdade#manoeldebarros
Fim da Tarde
No fim da tarde, nossa mãe aparecia nos fundos do quintal: Meus filhos, o dia já envelheceu, "entrem pra dentro".
#manoeldebarros#maeA mãe reparou que o menino gostava mais
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio. Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
#maes#manoeldebarros"Se eu fosse viver de poesia, estava na sarjeta. Trabalho intelectual neste país é sinônimo de vagabundagem"
"Se eu fosse viver de poesia, estava na sarjeta. Trabalho intelectual neste país é sinônimo de vagabundagem"
Manoel de Barros, poeta, advogado e fazendeiro, em 29/12/1991, em entrevista ao GLOBO

Sou água que corre entre pedras
Sou água que corre entre pedras:
- liberdade caça jeito.