Poemas Pequenos

Ela era muito satisfatona

Ela era muito satisfatona: tinha tudo o que seu pouco anseio lhe dava. E havia nela um desafio que se resumia em: ''ninguém manda em mim.''

Possam as aparências serem menos essências

Possam as aparências serem menos essências. O mundo ainda se ilude com ornamentos.

Gosto de um modo carinhoso do inacabado

Gosto de um modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitadamente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.

Não faça de sua vida um rascunho

Não faça de sua vida um rascunho, pois o tempo poderá ser curto demais para passar a limpo.

Tudo quanto o homem exp e ou exprime

Tudo quanto o homem expõe ou exprime é uma nota à margem de um texto apagado de todo.
Mais ou menos, pelo sentido da nota, tiramos o sentido que havia de ser o do texto; mas fica sempre uma dúvi…

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Em certos os casos

Em certos os casos, quanto mais nobre o gênio, menos nobre o destino.
Um pequeno gênio ganha fama,
um grande gênio ganha descrédito,
um gênio ainda maior ganha desprezo;
um deu…

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É comum falarmos mais e fazermos menos

É comum falarmos mais e fazermos menos; a intenção é apenas escrava da memória, violenta ao nascer, mas transitória.

Anônimo

Anônimo
“Agora entendo um pouco da lógica, de Fernando Pessoa, Quando nós descobrimos como poetas e escritores.
Temos medo da rejeição, então nos tornamos Anônimos na multidão, mais vale u…

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Aliás - descubro eu agora - eu também

Aliás - descubro eu agora - eu também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria.

Antes do matrimônio tende os olhos abertos

Antes do matrimônio tende os olhos abertos, no matrimônio, depois, fechem-nos um pouco.

Se me abandonar

Se me abandonar, ainda vivo um pouco, o tempo que um passarinho fica no ar sem bater asas, depois caio, caio e morro.

Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes

Em minha casa reuni brinquedos pequenos e grandes, sem os quais não poderia viver. O menino que não brinca não é menino, mas o homem que não brinca perdeu para sempre o menino que vivia nele e que lhe…

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Amor é quando é concedido participar um pouco mais

Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões.

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Mas já que se há de escrever

Mas já que se há de escrever, que ao menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas. O melhor ainda não foi escrito. O melhor está nas entrelinhas

“Ah! dá nojo ver o mundo Pensar tão pouco profundo”.

“Ah! dá nojo ver o mundo
Pensar tão pouco profundo”.
(escrito em 15.11.1908), In Poesia 1902-1917)