Pensamentos de Clarice Lispector

As vezes também penso que eu não sou

As vezes também penso que eu não sou, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu encontro.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Sou sempre eu mesma

Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

Quem eu sou

Quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles.

Por que quero fazer de mim um herói

Por que quero fazer de mim um herói? Eu na verdade sou antiheróica.
O que me atormenta é que tudo é "por enquanto", nada é
"sempre".

Porque

Porque, quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros.

Estou tentando te dizer de como cheguei ao

Estou tentando te dizer de como cheguei ao neutro e ao inexpressivo de
mim. Não sei se estou entendendo o que falo, estou sentindo - e receio muito o
sentir, pois sentir é apenas um dos es…

(…Continue Lendo…)

Sou o abismo perdido entre o não-ser e a escuridão

Sou o abismo perdido entre o não-ser e a escuridão. Sou o desejo e alma, correndo nua na meia-noite esquecida, procurando aquilo que não é, mas pode vir a ser; o verdadeiro anseio, a paixão.

(…Continue Lendo…)

Sou composta por urgências

Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas.

E doidamente me apodero dos desvãos de mim

E doidamente me apodero
dos desvãos de mim,
meus desvarios me sufocam
de tanta beleza.
Eu sou antes,
eu sou quase,
eu sou nunca.

Eu sou uma chama acesa! E rebrilho e rebrilho toda essa escuridão.

Eu sou uma chama acesa! E rebrilho e rebrilho toda essa escuridão.
In: A Bela e a Fera

Nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada

Nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir.

Só que não sei usar amor

Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas…

Para que escrevo

Para que escrevo? E eu sei? Sei não. Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou eu, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu enco…

(…Continue Lendo…)

(…) e não esquecer que a estrutura do átomo não é vista mas sabe-se dela. Sei de muita coisa que não vi.