Hai-Kai de Outono
Hai-Kai de Outono
Uma borboleta amarela?
Ou uma folha seca
Que se desprendeu e não quis pousar?
A morte deveria ser assim
A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim…
Neste mundo de tantos espantos
Neste mundo de tantos espantos,
Cheios das mágicas de Deus,
O que existe de mais sobrenatural,
São os ateus.
Hai-Kai da Palavra Andorinha
Hai-Kai da Palavra Andorinha
A palavra andorinha
Freme devagarinho
E some em silêncio…
Sê bom Mas ao coração Prudência e cautela ajuntam
Sê bom
Mas ao coração
Prudência e cautela ajuntam.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.
Naquele dia
Naquele dia, fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia perdoado para sempre.
Nem sei de quê.
Do sabor das coisas
Do sabor das coisas
Por mais raro que seja,
Ou mais antigo,
Só um vinho é deveras excelente:
Aquele que tu bebes calmamente
Com o teu mais velho
E silencioso amigo…
Sonho Um poema que ao lê-lo
Sonho
Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.
AS INDAGAÇÕES
AS INDAGAÇÕES
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.
Poema da Gare de Astapovo
Poema da Gare de Astapovo
O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos…
Alienação!
Alienação!
Eu só pediria licença para lembrar que os alienados são precisamente os que têm uma ideia fixa.
DA BOA E DA MÁ FORTUNA
DA BOA E DA MÁ FORTUNA
É sem razão, e é sem merecimento,
Que a gente a sorte maldiz:
Quanto a mim, sempre odiei o sofrimento,
Mas nunca soube ser feliz…
Verbetes
Verbetes
Infância - A vida em tecnicolor.
Velhice - A vida em preto-e-branco.