Poemas de Guimarães Rosa

A história de um burrinho

A história de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida.

O calor do dia abrandava

O calor do dia abrandava. Naqueles olhos e tanto de Diadorim, o verde mudava sempre, como a água de todos os rios em seus lugares ensombrados. Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice,…

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Refresca teu coração

Refresca teu coração. Sofre, sofre, depressa, que é para as alegrias novas poderem vir.

O correr da vida embrulha tudo

O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer …

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Viver — não é

Viver — não é? — é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.

nessa água que não pára

… nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.

X. Sequência:

X. Sequência:
“Suas duas almas se transformavam? E tudo à sazão do ser. No mundo nem há parvoices: o mel do maravilhoso, vindo a tais horas de estórias, o anel dos maravilhados. Amavam-se”
…

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E, outra coisa, o Diabo, é às brutas; mas Deus é traiçoeiro! Ah, uma beleza de traiçoeiro - dá gosto! A força dele, quando quer - moço! - me dá o medo pavor! Deus vem vindo: ninguém não vê. Ele faz é …

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Enfim

Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniÃES…

O senhor

O senhor… mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade m…

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Sofri o grave frio dos medos

Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, …

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Tem horas em que penso que a gente carecia

Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto.

Vou ensinar o que agorinha eu sei

Vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegr…

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A vida é ingrata no macio de si

A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado.

1. Sou figura reduzida e de pouco aparecimento.
2. Quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa.
3. Quem rala no aspro não fantaseia.