Poemas de Guimarães Rosa

Só se pode viver perto de outro

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor.

Só se pode viver perto de outro

Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.

Sertão é uma terra de quem é forte

Sertão é uma terra de quem é forte, com as astucia, Deus mesmo quando vinhe que venha armado.

Malagourado de ódio

Malagourado de ódio: que sempre surge mais cedo e às vezes dá certo, igual palpite de amor.

Digo

Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia

Sertão é onde o pensamento da gente se

Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o lugar. Viver é muito perigoso…

Os outros têm uma espécie de cachorro farejador

Os outros têm uma espécie de cachorro farejador, dentro de cada um, eles mesmos não sabem. Isso feito um cachorro, que eles têm dentro deles, é que fareja, todo o tempo, se a gente por dentro da gente…

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Amigo

Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou — amigo — …

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Sorriram-se

Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se.

Qual o caminho da gente

Qual o caminho da gente? Nem para frente nem para trás: só para cima. Ou parar curto quieto. Feito os bichos fazem. Viver… o senhor já sabe: viver é etcétera…

Sigo à risca

Sigo à risca.
Me descuido e vou… Quebro a cara.
Quebro o coração.
Tropeço em mim.
Me atolo nos cinco sentidos.

Talvez não devesse

Talvez não devesse, não fosse direito ter por causa dele aquele doer, que põe e punge, de dó, desgosto e desengano.

Quando eu morrer

Quando eu morrer, que me enterrem na beira do chapadão, contente com minha terra, cansado de tanta guerra, crescido de coração.

O correr da vida embrulha tudo

O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer …

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Iguais

Iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. “Afinam e desafinam”.