Poemas de Guimarães Rosa

Malagourado de ódio

Malagourado de ódio: que sempre surge mais cedo e às vezes dá certo, igual palpite de amor.

Amigo

Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou — amigo — …

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Sigo a risca

Sigo a risca, me descuido e vou. Quebro a cara, quebro o coração. Tropeço em mim. Me atolo nos sentidos. Viver não é perigoso? Então com sua licença, nasci assim. Encantado pela vida.

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O correr da vida embrulha tudo

O correr da vida embrulha tudo; a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no mei…

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O correr da vida embrulha tudo

O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria, aperta e depois afrouxa e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz…

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Vivendo

Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.

Eu estou só

Eu estou só. O gato está só. As árvores estão sós. Mas não o só da solidão: o só da solistência.

O correr da vida embrulha tudo

O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem

Viver é um descuido prosseguido

Viver é um descuido prosseguido.
Mas quem é que sabe como?
Viver…
o senhor já sabe: viver é etcétera…

A culpa minha

A culpa minha, maior, é meu costume de curiosidade
de coração. Isso de estimar os outros, muito ligeiro,
defeito esse que me entorpece

Qual o caminho da gente

Qual o caminho da gente? Nem para frente nem para trás: só para cima. Ou parar curto quieto. Feito os bichos fazem. Viver… o senhor já sabe: viver é etcétera…

Sorte nunca é de um só

Sorte nunca é de um só, é de dois, é de todos…Sorte nasce cada manhã, e já está velha ao meio-dia…
(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Viver — não é

Viver — não é? — é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.

Sorriram-se

Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se.

Mas eu gostava dele

Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Digo o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa-feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu p…

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